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Quais as dificuldades que bebês com fissura labiopalatina podem apresentar para se alimentar?

Por Lais Dalbosco Oliveira, Melissa Kelly Souza de Jesus, Raquel Stephanie de Santana Faria e Maria Natália Leite de Medeiros-Santana


De maneira geral, para que o bebê consiga retirar o leite da mama adequadamente, é necessário que lábios, palato (céu da boca) a língua estejam íntegros e "trabalhando" de maneira harmônica.


Durante a amamentação, o seio materno precisa permanecer dentro da boca do bebê. O vedamento da mama será realizado pelos lábios da criança, enquanto que a parte dura do palato fornecerá apoio ao bico do peito na parte superior e a língua, na parte inferior. Além disso, a língua realizará movimentos para frente e para trás, para cima e para baixo, enquanto que a parte mole do palato trabalha abrindo e fechando a passagem de ar na garganta do bebê, auxiliando a retirada do leite do seio materno e evitando que o leite seja direcionado para o nariz. É dessa maneira que acontece a amamentação!


Quando um bebê nasce com fissura labiopalatina, o mecanismo de retirada de leite do seio materno fica comprometido. Dependendo do tipo de fissura, a criança pode apresentar maiores ou menores dificuldade no processo de alimentação e necessitará de algumas adaptações para conseguir se alimentar, ganhar peso e crescer saudavelmente.

Conheça as possíveis dificuldades que o bebê pode apresentar durante a amamentação, de acordo com o tipo de fissura:


  • Fissura de Lábio Unilateral ou Bilateral (envolvendo ou não o alvéolo / gengiva): dificuldade ausente ou leve para se alimentar no seio materno. Uma vez que o palato não está comprometido, a criança consegue se adaptar e ser alimentada em seio materno, apresentando desempenho semelhante ao de bebês sem fissura. Nos casos de bebês que apresentarem maior dificuldade, algumas posturas para amamentar podem ser empregadas.



  • Fissura de Palato Incompleta (parte mole): dificuldade leve a moderada para a alimentação em seio materno. Sim, é possível a criança ser amamentada! No entanto, ela fará maior esforço para extrair o leite. Isso acontece porque a parte mole do palato não fechará a passagem de ar na garganta, fazendo com que a pressão dentro da boca para sugar o bico do peito seja menor. Além disso, a criança apresenta chances de parte do leite passar para o nariz. É preciso verificar a melhor postura para facilitar a alimentação do bebê e se há necessidade de complementar a oferta de leite por meio de utensílios, como copo, colher ou mamadeira.



  • Fissura de Palato Completa (parte dura e parte mole): dificuldade moderada para a alimentação em seio materno. O bebê pode ser amamentado, caso seja o desejo da mãe, mas é preciso compreender que ele poderá apresentar maiores dificuldades para a retirada do leite, pois todo o palato estará aberto. Assim, será necessário um esforço maior para sugar o seio materno, com possibilidade de cansaço e do bebê engolir pequena ou grande quantidade de ar, maior chance de refluxo de leite pelo nariz e de refluxo de leite após "arrotar". É preciso verificar a melhor postura para facilitar a alimentação do bebê e, possivelmente, será necessário complementar a oferta de leite por meio de utensílios, como copo, colher ou mamadeira.



  • Fissura de Lábio e Palato Unilateral ou Bilateral: dificuldade moderada a grave para a alimentação em seio materno. Uma vez que o bebê terá comprometimento do lábio, alvéolo e palato (parte dura e parte mole), consequentemente, apresentará maior dificuldade para extrair o leite da mama. Com o esforço intenso para sugar a mama, a criança tem grande possibilidade de cansar rapidamente, demorar para se alimentar, engolir grande quantidade de ar e apresentar refluxo nasal. É preciso ter bastante atenção e acompanhar o peso do bebê. Em muitos casos, indica-se que a mãe oferte seu próprio leite por meio de utensílios, que facilitarão o processo de alimentação e diminuirão as dificuldades do bebê.



Para facilitar o processo de alimentação de bebês com fissuras labiopalatinas, algumas posturas podem ser adotadas como estratégias facilitadoras. É importante ressaltar que cada criança apresenta características individuais e podem apresentar maior ou menor facilidade para serem amamentadas. Além disso, o tipo de fissura, a motivação e os aspectos emocionais de cada mãe podem influenciar na efetividade da amamentação. Caso haja dificuldades no processo de alimentação do seu filho, procure um profissional habilitado no atendimento de bebês com fissuras labiopalatinas para receber as orientações adequadas. O fonoaudiólogo pode auxiliar nesse processo, além de avaliar o desempenho da sucção e deglutição seu bebê.




Nos casos em que a amamentação exclusiva não é possível, o bebê pode receber o leite materno ou de fórmula por meio de utensílios que facilitarão a sua alimentação, ganho de peso e crescimento. Abaixo encontram-se alguns dos utensílios mais utilizados, como a mamadeira "chuquinha", mamadeiras tradicionais, mamadeiras dosadoras (mamadeira de colher) e copinho. Orienta-se que os bicos das mamadeiras sejam de látex ou de silicone macio para evitar, cansaço e grande esforço do bebê para se alimentar.



De maneira geral, a alimentação não deve ultrapassar 30 minutos para evitar que o bebê gaste muita energia e perca peso. Caso a mãe não consiga retirar leite para a oferta complementar, é possível ofertar leite proveniente de bancos de leite ou fórmulas prescritas por um profissional habilitado. Nestes casos, indica-se consultar o pediatra e o nutricionista que acompanham o bebê para verificar a melhor fórmula a ser utilizada!


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Referências

Bautzer AP, Di Ninno CQMS, Barbosa DA; Hanayama EM, Rocha I, Weyand IG et al. Administração alimentar no recém-nascido com fissura labiopalatina. 2019. Disponível em <http://hrac.usp.br/wp-content/uploads/2019/05/administracao_alimentar_no_recem_nascido_com_fissura_labiopalatina_ABFLP.pdf>


Di Ninno CQMS, Moura D, Raciff R, Machado SV, Rocha CMG, Norton RC et al. Aleitamento materno exclusivo em bebês com fissura de lábio e/ou palato. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol. 2011;16(4).


Marques IL, Thomé S, Peres SPBA. Aspectos pediátricos. In: Trindade IEK, Silva Filho OG. (Orgs). Fissuras labiopalatinas: uma abordagem interdisciplinar. São Paulo: Santos, 2007; p. 51-71.


Silva EB, Fúria CLB, Di Ninno CQMS. Aleitamento materno em recém-nascidos portadores de fissura labiopalatina: dificuldades e métodos utilizados. Revista CEFAC. 2005;7(1):21-8.


Silva EB, Rocha CMZ, Lage RR. Fissura labiopalatina em bebês: intervenção interdisciplinar. In: Jesus MSV, Di Ninno CQMS. Fissura labiopalatina: fundamentos para a prática fonoaudiológica. São Paulo: Roca, 2009; p.10-28.




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